terça-feira, novembro 16, 2004
Foi exatamente assim. Na minha ociosidade do ano de 1970, ficava horas observando as moscas, num estado de, vamos dizer, consciência aumentada ou alterada (como queiram) e conseguia me concentrar, absolutamente, no movimento de uma das escolhidas e não deixava nem um segundo que ela saísse de meu campo de visão.
Até que comecei a perceber que minha observação interferia no vôo dela. Digamos que percebi que ela , a mosca , se sujeitava à minha observação. Comecei a determinar se queria que ela voasse para cima ou para baixo, para perto ou para longe, até fazer com que ela, segundo minha vontade, pousasse na minha mão. Fazia isso com domínio e certeza. Quantas vezes propusesse, realizava. Um dia chamei uma pequena platéia para me assistir. Minha mãe, minha cunhada, minha sobrinha e a empregada que trabalhava lá em casa. E assim foi. Concentrei numa mosca, segui-a com minha atenção e com movimento de minha mão, até que senti que ela estava sob meu comando, fiz com que ela pousasse na minha mão, conforme o prometido para a pequena platéia.
No que me lembro, foi essa a reação da minha espantada mãe -Olha!!! A mosca vem na mão dele!!! Que menino!