sexta-feira, novembro 07, 2003
Em 1967 dei meus primeiros passos na pintura, com entusiasmo, paixão e inconsciência.
Éramos eu e o Boi (José C. Ferreira) e imediatamente queríamos expor. Essa era a palavra mágica. Expor. Não existia faculdade de artes plásticas e expor era a via régia para se saber “artista”.
Nos inscrevemos no salão de Campinas e todo o dia íamos ao jornaleiro para ver se tinha saído o resultado. Não é que um dia saiu e lá estavam os nossos nomes.
EBAAAA, TINHAMOS SIDO ACEITOS!! Isso era uma glória!
Imediatamente comemoramos com uma puta festa, convidando todo mundo.
No dia da inauguração para lá fomos em caravana noturna de quatro carros, pai, mãe, irmãos, namoradas e amigos.
Quando lá chegamos, imediatamente procurei por meu trabalho. Queria vê-lo pendurado na exposição...e nada de achar. Perguntando para a administração o que se passava, acabaram por constatar que eu não fazia parte do salão. Tinha sido recusado e portanto o meu nome saiu no jornal por engano.
Com o Boi foi tudo normal e me lembro do Mario Shemberg (um dos jurados) falando bem do seu trabalho.
Para mim foi uma viajem para o abismo. Uma verdadeira iniciação ao que seria esse mundo das artes.
Como disse a Leda Catunda, metade da vida foi ser recusado de salões, a outra foi ser jurado. Como entendi depois, não era para principiante!
eheheheheheheheh